Se existissem mandamentos sobre o bem viver, o primeiro seria "seja você mesmo". Tudo decorre da disposição e da vontade de sermos autênticos, coerentes, responsáveis. Mais fácil falar do que fazer, né? Principalmente em uma sociedade que cada vez mais preza a pseudoindividualidade, que surge como garantia de sucesso e reconhecimento.
A ordem social parece ser: seja você mesmo, desde que seja inteligente, sociável, assertivo, bem-sucedido, bonito, jovem; em outras palavras, a ordem é uma contraordem, um convite à falsidade socialmente aceitável sob a máscara da modernidade e do narcisimo. Tal ordem é um engodo.
Por quê, então, buscar a autenticidade? No mínimo, por que dá menos trabalho. É melhor mostrar-se como se é do que ter que memorizar roteiros e desculpas apresentadas em em diferentes contextos, dignas de um Oscar. Mas não é só isso: em longo prazo, tal postura é mais prazerosa e facilita nosso contato com outros e o deles conosco. Essa "autenticidade" - arte de se posicionar sinceramente a partir das próprias convicções e crenças e de demonstrar um interesse sincero pelo outro - é o fundamento das relações duradouras e gratificantes, aquelas em que os conflitos podem ser trazidos à tona e resolvidos. Aquelas que nos dão a sensação de que temos um "lugar" no mundo familiar, social e do trabalho. E isso não é pouco: de fato, sustenta uma vida plena de significado e sentido. Todavia, há de não confundir autenticidade com falta de educação e respeito. Que fique claro: a autenticidade pode ser doce e serena, embora exija auto-observação cuidadosa e muita paciência para separarmos nossos limites.
Por Julieta Maria de reis Barros Quayle
Floricultura Multiflora Fernandopolis
- 06:30:00
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